“A IMAGEM CORPORAL É A FIGURAÇÃO DO CORPO QUE É FORMADA EM NOSSA MENTE, OU SEJA, A FORMA PELA QUAL O CORPO SE APRESENTA PARA NÓS. ELA É UM FENÔMENO SOCIAL POR HAVER UMA INTER-RELAÇÃO CONTÍNUA ENTRE A NOSSA IMAGEM E A IMAGEM CORPORAL DO OUTRO. A IMAGEM CORPORAL É PASSÍVEL DE TRANSFORMAÇÕES, ELA É UMA RECONSTRUÇÃO CONSTANTE DO QUE O INDIVÍDUO PERCEBE DE SI E DAS DETERMINAÇÕES INCONSCIENTES QUE ELE TRAZ DE SUAS INTERAÇÕES COM O MUNDO.” (SCHILDER,1999).
Uma das maiores influências da nossa relação com corpo, é a midiática, que estimula um distúrbio de imagem onde associam felicidade, saúde e beleza apenas a corpos magros que seguem padrões inalcançáveis. A busca por esses padrões idealizados nunca acabam, porque constantemente somos bombardeados de novos procedimentos, dietas e estímulos para que possamos cada vez mais nos encaixar. Grande parte da população mundial e em sua maioria as mulheres, sentem frustração e insatisfação quando tentam se adequar ao "corpo perfeito", colocando muitas vezes a saúde em risco, seguindo dietas malucas sem acompanhamento médico ou praticando atividades físicas em excesso sem o auxílio de um profissional. Esse evento é cíclico, acontece diariamente e de forma inconsciente, ou seja, as vezes sequer percebemos que caímos nessas armadilhas e inconscientemente nos comparamos com as mulheres que vemos na TV, internet, com imagens modificadas virtualmente ou até mesmo com os famosos filtros de Instagram.
Um relato publicado na revista Ciência em saúde coletiva - vol.12 no.4 Rio de Janeiro Jul/Aug. 2007 - mostra a realidade que vivemos e o quanto a gordofobia pode afetar não somente ao auto estima, mas sim, a vida num todo: "Não saía mais à noite por vergonha de seu corpo. Não pegava ônibus por medo da roleta [...] Foi demitida do emprego e classificada como inapta por uma junta médica para ser merendeira do município mesmo tendo gabaritado as provas de seleção. Mas, em tudo que viveu, uma frase ficou gravada em sua memória: 'Você é gorda por falta de vergonha na cara'. Era a frase repetida pelas pessoas que amava. – Um dia me olhei no espelho e pensei que era limitada para tudo, para amar, trabalhar, viver."
Atualmente exalta-se a perda de peso como forma inquestionável de garantir saúde (o que NÃO é real, cultuando a magreza e rejeitando os corpos gordos considerados fora dos padrões de beleza. Quando na verdade, o que é existe é o preconceito associado a uma pressão quase que sufocante e uma tentativa de controle e poder sobre os corpos femininos.
Frases como “Você devia fazer exercícios” ou “E se você começasse uma academia para emagrecer? ” fazem parte do cotidiano de quase todas as pessoas gordas. O emagrecimento aparece sempre ligado à saúde como “desculpa” para uma cobrança estética. Todes podem praticar atividades físicas para buscar melhor qualidade de vida, saúde e bem-estar (não apenas necessariamente mudar seu corpo).
Para entender mais sobre o assunto recomendamos o livro “O mito da beleza” de Naomi Wolf e seguir pessoas reais com a mesma realidade que a nossa. Conheça histórias de quem está superando seus limites e quebrando preconceitos.
Algumas influenciadoras e páginas do instagram abordam esse tema e trazem à luz a questão da gordofobia e saúde do corpo cordo.
"Somos o suficiente, somos incríveis e lindas." Disse a dançarina e influenciadora, Thais Carla, que já sofreu tanta descriminação, ataques, bullying e gordofobia. Ela sempre permaneceu em pé e acreditando nos seus sonhos. Foi em diversos programas televisivos, se tornou bailarina da cantora Anitta, fez turnês e hoje é uma influencer e tanto quando o assunto é incentivo, quebra de tabus e amor próprio.
“Celebre seu corpo, independente do seu tamanho ou forma”
"Como faz atividade e continua gorda? As pessoas não aceitam! Eu faço atividade física e continuo gorda. E não tem problema nenhum. Cada um tem um tipo de corpo. O que eu sempre quis foi quebrar o estigma de que a pessoa gorda é doente, preguiçosa, relaxada, que não se cuida. A maioria acredita nisso, é o que gera a gordofobia." Diz Ellen Valias que hoje inspira muitas pessoas. Ellen criou um instagram com o nome “Atleta de Peso” para mostrar sua rotina totalmente ativa e para expôr nas redes sociais sua realidade de mulher gorda, mostrando sua história e quebrando paradigmas.
“Teve uma vez que uma aluna falou alto dentro da sala de musculação que eu orientava que professor de educação física tem que ser exemplo e que jamais faria treinos orientados por profissionais gordinhos” relata Natalia Mota. As pessoas julgam sua capacidade pela sua aparência o tempo todo, mas isso não deixou com que a profissional de educação física parasse. Ela idealizou o Saúde GG onde quebra diversos estereótipos e mostra realidades que ainda são tabu (que precisam ser quebrados urgente!
Vanessa Joda é fundadora do Yoga Para Todes, um projeto que leva a prática para corpos que fogem do padrão tradicional, além de rodas de conversa sobre empoderamento da pessoa gorda. Ela une inclusão, amor próprio e autoconhecimento.
Erick Cuzziol diz que desde sua infância sofre com problemas de peso e transtornos alimentares e com isso fez dietas malucas que trouxeram mais mal ainda. Erick decidiu cursar nutrição para ter respostas a luta contra o peso. Muitos acreditam que é necessário que o profissional seja magro. É um padrão social, que muitos creem ser fundamental para a profissão. Ele criou um perfil para mostrar que "Ser um nutricionista gordo não é atestado de incompetência" e que a saúde vai muito além do corpo.
As limitações estão apenas em sua mente!
BILIOGRAFIA
-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.4, n.19, p.71-78, Jan/Fev. 2010. ISSN 1981-9919. -RevistaDidáticaSistêmica,ISSN1809-3108v.16n.1(2014). Edição Especial.p.21-33 -Blairs SN, Kohl HW, Paffenbarger RS, et al. Physical fitness and all-cause mortality: a prospective study of healthy men and women. JAMA. 1989;262:2395-401. [ Links ] -Matsudo S, Araújo T, Marsudo V, et al. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2001;6:5-18. [ Links ] -Haskell WL, Russell RP, Kenneth EP, et al. Physical activity and public health. Circulation. 2007;116:1081-93. [ Links ]
REFERENCIAS
https://extraordinarias.blogosfera.uol.com.br/2020/08/02/direito-ao-esporte-ainda-e-negado-as-pessoas-gordas-diz-influenciadora/ https://boaforma.abril.com.br/movimento/gordofobia-esporte/ https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2020/01/24/ser-um-nutricionista-gordo-nao-e-atestado-de-incompetencia-diz-erick-cuzziol.htm https://revistamarieclaire.globo.com/Beleza/bem-estar/noticia/2020/08/yoga-para-todes-vanessa-joda-da-5-incentivos-para-comecar-praticar-agora.html